Intervenção: arte engajada no espaço urbano

Por Amanda Cristina Maciel Pellini e Rose Faria

São múltiplos os sentidos empregados ao termo intervenção, no campo das artes, é uma vertente da arte urbana, ambiental ou pública, que tem como objetivo promover uma transformação a partir de uma ou mais interferências sobre o meio. É um objeto provocador e reflexivo na contemporaneidade, que nos convida a um diálogo sobre a nossa realidade, sobre o meio, e nossas ações sobre ele.

            Como prática artística no Brasil, ela se consolida na década de 70 com  propostas de grupos de artistas como o 3nós3, Viajou sem passaporte e Manga Rosa, que tomaram a cidade como campo de investigação e procuraram expandir o circuito de arte e a noção de obra de arte. Suas ações buscavam uma comunicação direta com o público, intervindo no cotidiano.

Mas foi na década de 90, que se tornou engajado, numa tendência geral conhecida como “artivismo”. Tais projetos artísticos, geralmente empreendidos por coletivos de artistas existentes nas principais capitais do país, com frequência se ligam a movimentos sociais ou comunitários, a iniciativas de organizações governamentais ou causas internacionais, como a diminuição da poluição e a crítica à globalização e ao neoliberalismo.

Mas o que terá gerado esse movimento que cada dia mais toma as ruas nas grandes cidades, do Brasil e do mundo?

O individualismo, o ambiente muitas vezes hostil, a violência, a falta de diálogo, de empatia, a carência de valores éticos, o tempo dedicado ao efêmero objetivo de ter e não ser.

E a intervenção como artivismo, surge exatamente do descontentamento de pessoas comuns, artistas  que usam de elementos artísticos para alertar o mundo sobre temas de extrema relevância que devem ser discutidos, como o artista Frans Krajcberg, cuja arte é uma denúncia sobre o desmatamento na Amazônia, um dos primeiros no Brasil a se enveredar pelo caminho da ecologia.

Outro artista nessa mesma vertente é Eduardo Srur, que realizou diversos trabalhos em SP, no rio Pinheiros, e também a obra Labirinto no festival SWU, em 2010.

Eduardo Srur  e seu labirinto

Segundo, Jonh D.P. Dowing ensaísta e autor do livro: Mídia Radical – Rebeldia nas Comunicações e Movimentos Sociais, em entrevista dada a revista Valor e extraída do site Observatório de imprensa “Não quero dizer que para toda ação há uma reação. Mas quando as pessoas percebem alguns valores se esvaindo, muitas delas vão se opor e vão desenvolver a oposição por meio da comunicação. Essa é a dinâmica atual”.

Outro bom exemplo de ativismo pacífico através da arte é a própria história  de José Datrino, o Profeta Gentileza, Que era um empresário bem sucedidoem São Paulo, que deixou tudo , para sair pelas ruas do Rio de janeiro, semeando mensagens carregadas de significados e que deixou estampado propositalmente na entrada da cidade, nas paredes do Viaduto do Caju, poesia, cor, esperança… e gentileza junto ao concreto.

Profeta Gentileza explica o que falta nesse mundo.

Entrevista com Germain Tabor por Amanda Cristina Maciel Pellini

Como sempre em busca de um notável personagem para nosso blog Gogó da Mídia, tropecei em mais uma historia fantástica, estava fazendo entrevista para um Centro educacional comunitário para a área de Marketing, chamado Projeto Arrastão, que ensina crianças e jovens a serem sujeitos e colaboradores sociais,  e descobri por um acaso, causado, que eles iniciariam uma iniciativa bem legal com arte e reciclagem, sorte ou iluminação, estava na mesma sala que eu o artista plástico que tocaria o projeto, eu com todo meu semblante de peroba, comecei enquanto não me chamavam para a sala de entrevista de emprego, a entrevistar o artista, Germain Tabor figura muito consciente e fantástica, comecei a perguntá-lo como ele chegou à idéia de arte-reciclagem, ele me disse que entrou em uma cooperativa chamada COOPERAACS em 2006, antes disso já trabalhava com outras linguagens, mas se apaixonou por reciclagem, esta cooperativa foi criada em 2004 por um grupo de artesões, nela se separa o lixo para a coleta e quando pinta algum projeto artístico parte do lixo é desviado como matéria prima para a obra. Como o Dom Quixote e o Sancho Pança feito pelas mãos dos artistas, é um trabalho tão bem elaborado, conta Germain que ninguém percebe que são garrafas pet, ela também afirma quando falamos sobre o papel dessa arte-reciclagem que se “uma pessoa se sensibilizar com o processo e seus resultado e através disso estabelecer uma outra relação com seu lixo, é o mínimo que desejamos alcançar,  perguntei então qual era o máximo, ele disse: “que todos virem artistas, que todos transforme o descartável em arte”, também perguntei sobre o trabalho recente de Vik Muniz, ele disse que Vik é um artista muito bom, e diz não saber as reais intenções dele com a reciclagem, mas que independente de intenções, o seu trabalho atual abriu outros olhos para um setor que hora é modismo, ora é problema publico, e que só por isso Vik Muniz está de parabéns.

                Germain se considera um otimista, mas diz que na questão ambiental as vezes “é preciso piorar para melhorar”, e diz se preocupar bastante com certos “boatos-fatos” de países desenvolvidos alugarem ilhas e territórios para transformá-los em aterro sanitários gigantes, isso deve parar, falamos sobre a discussão do homem um dia ter de brigar por água e ele disse que isso não é um exagero, e se vê muito triste em termos que chegar nesse ponto para tomarmos consciência, ele diz que as escolas por muitas vezes estão tratando do tema, o que é bom nessa moda de sustentabilidade, mas de nada adianta se os pais são de outra geração e não tem a mesma visão de mundo, disse também que devíamos quebrar o ciclo, trabalho gera consumo que gera trabalho para ter mais consumo, o lixo nesse ritmo não parará de ser produzido, e muito mais aterros serão organizados para esconder tanto consumo de descartáveis, diz se fantástico ensinar uma criança nos workshops que a Cooperaacs organiza, fazer uma criança demandar tempo e elaborar idéias com o “lixo” que ela tem em casa e transformar aquilo por exemplo em um brinquedo, e faze-lo dar persolalidade àquele material é muito gratificante e sei que ajudará a formação daquela criança na sua concepção de reciclagem.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                              

Arte reciclagem

                Por fim terminamos o papo, com as obras que ele executou com os outros artistas da qual ele diz que são tão trabalhadas, que por fim nem parece “lixo” (risadas), usamos o conceito da embalagem se precisamos de recortes de alumínio vermelhos usaremos pequenos pedaços de latinhas de coca-cola, sem logo, se precisamos de roxo usaremos fanta-uva, por fim temos um mosaico de cores bem acabado, com muito trabalho e força de vontade, uma vez precisamos só de garrafas pets transparentes juntamos 122 mil garrafas, outra vez foram 14 mil CD’s que usamos bem recortados, transformamos dependendo do projeto ferramentas em ferramentas uteis já que não há um arsenal de ferramentas só pra trabalhar com isso, assim até as ferramentas são as vezes produtos reciclados. Também como não esquecer de uma nova lei que pretende acabar com os aterros e o programa do PAC que ajudará a abrir mais 17 cooperativas de reciclagem.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                              

Artivismo reciclando ideias

                         Em fim conversamos sobre muita coisa acerca de arte-reciclagem que também faz parte do artivismo, mas independente dessas questões a mídia deve agir a favor da denuncias das causas ambientais também. E não é só por ai que devemos enxergar a pauta, mas como nossa comunidade pode ajudar, e se a questão ambiental unirá pessoas finalmente para uma causa só, a sobrevivência, quem sabe não é o momento de atestar a falência do sistema capitalista de consumo violento e a reabertura de novas utopias para todos nós.                                                                                                              Referências:                                                                                                                                                                                                                                                                WWW.arrastao.org.br

Definição de interervenção:

http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_ic/index.cfm?fuseaction=termos_texto&cd_verbete=8882

Entrevista com Downing:

http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos/asp19022003997.htm/

Biografia do Profeta Gentileza:

http://mition.wordpress.com/2008/08/16/profeta-gentileza/

Exposição de Frans Krajcberg:

http://catracalivre.folha.uol.com.br/2011/07/queimadas-desflorestamento-e-frans-krajcberg-sao-tema-de-mostra-no-museu-afro-brasil/

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